sábado, 22 de setembro de 2007

O beijo não vem da boca

O título é nome de um livro do Loyola Brandão, não fui original, mas gostei do tema.

Afinal, se bem pensado, o beijo não vem da boca. Ele, no máximo, termina nela. Quando o beijo é tão somente o encontro das bocas, nem sequer é mais um beijo. É qualquer coisa. Não é beijo.

Eu me lembro de um sem-fim de beijos que dei. E não me lembro da maioria. Os que me lembro, eram mesmo beijos. Não vieram meramente da boca.

Mas, afinal, se não vem da boca, de onde vem o beijo?

Talvez o beijo venha da vontade da conjunção, da união, da descoberta, da vontade da conquista. É a primeira parte de algo, é a expectativa de algo mais. Aquele beijo que se dá sem nem saber quem se está beijando, não é beijo. A mera coleção de bocas onde se encosta não é beijo.

Beijo tem que ser sentido. Seja amor, paixão, tesão. Mas tem que ser sentido e, nesse caso, não vem da boca. Tem outras origens. Isso é beijo!

O resto é troca de saliva. Baba trocada. Nada além.

Loyola tem razão: o beijo não vem da boca.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Há algo de vinho na poesia

No post anterior eu disse que há algo de poesia no vinho. Agora eu quero inverter: há algo de vinho na poesia.

O lugar comum, o estereótipo, levam a associar o poeta a alguém boêmio, ébrio de vinho, com suas emoções à for da pele, sempre choroso de amor. Mesmo que este estereótipo esteja distante da poesia de hoje (no quesito choroso, ao menos!!! - risos), a imagem é inevitável.

E esta associação não é de graça, foi cultivada ao longo dos anos. A geração romântica, sobretudo a segunda geração romântica, com Lord Byron e companhia, foram responsáveis pela consagração desse modelo de poesia, sendo tão forte o movimento que até hoje acha-se que poesia é despejar sentimentos (amorosos, principalmente) em uma folha de papel.

E o álcool quase sempre faz dupla com a tristeza. E o vinho tem algo de especial para isso. Vinho e poesia... Poesia e vinho... É isso, algo de vinho na poesia!

Há algo de um no outro.

Só pra ilustrar, vou transcrever uma poesia que ilustra isso tudo com maestria.
(e, que fique claro, não é nenhum recado meu pra ninguém... tá?)


O beijo e o vinho
(Luiz Edmundo)

Tu te lembras, estouvada,
quando, sem modos, sem pejo,
enchendo a boca de vinho,
passaste, de vagarinho,
à minha boca, num beijo?
Achei a idéia engraçada
E original o manejo:
A tua boca encarnada,
A me beijar, de mansinho,
sorrindo pelo meu beijo,
toda manchada de vinho...

Desde esse dia eu não vejo,
para minh'alma embriagada,
outra boca em meu caminho.

A causa, entretanto, estouvada,
dessa embriaguez de desejo,
mais doce que o teu carinho,
não pude ter decifrada:
- Não sei se foi o teu beijo...
- Não sei se foi o teu vinho...

domingo, 9 de setembro de 2007

Bebida com sentimento

Há tempos se associou o vinho à poesia, ao romance. Jantar romântico sem vinho é como noivado sem alianças. Em grandes comemorações, temos o champagne, que nada mais é que um tipo de vinho "festivo". Existe sentimento no vinho.

Conversando com uma amiga, ela me disse que prefere vinho porque se bebe "com sentimento". Eu concordo, vinho não se bebe como a cerveja (para refrescar) nem como o wisky (para desestressar) ou mesmo para se "encher a cara". Há algo de diferente no vinho. Há algo de sentimento...

Vinho é uma bebida de contemplação. A análise da cor, do aroma, de como o sabor se espalha pela boca, se os taninos são mais ou menos acentuados, se há aromas secundários, terciários. Só quem passou por essa experiência entende.

O sentimento do vinho começa no cenário: a mesa posta, o vinho sobre a mesa, as taças, a música, a companhia, a comida (perfeitamente dispensável sem causar problemas). A garrafa sendo aberta, o saca-rolhas, o líquido despejado nas taças, tingindo de vermelho a cena.

Existe sentimento no vinho. Há algo de poesia no vinho.

sábado, 1 de setembro de 2007

A Licitação Bourne

Em um sábado desses uns amigos me convidaram pra assistir "O Ultimato Bourne". Ótimo, vamos ao cinema. Havia apenas um pequeno e quase desprezível detalhe: este é o terceito filme de uma série da qual não vi nenhum.

Então, em um final de semana de pós-graduação, com aulas até no domingo, dediquei minha madrugada de sábado para assistir as duas primeiras partes, "A Identidade Bourne" e "A Supremacia Bourne". Em meio ao sono intenso, o cansaço inevitável e a maciez do meu travesseiro, assisti o filme em flashes. Ora dormia, ora assistia. Mas foi o suficiente pra não perder o "fio da meada".

Bem, essa primeira parte do post foi só pra chegar no mais interessante. Bem, quem conhece a história sabe que Bourne é um agente da CIA. Como se sabe, a CIA é um órgão público norte-americano. Como se sabe, os órgãos públicos, para adquiri bens e serviços, precisam passar por um sistema de controle (a licitação), ao menos no Brasil.

Pois bem, querendo acreditar que também há licitação do lado de cima do Equador, resta crer que uma certa fábrica de celulares ganhou a concorrência na CIA e disseminou seus aparelhos naquele órgão. TODOS os aparelhos celulares que aparecem no filme (e não são poucos) são da mesma marca.

Prestem atenção e comecem a desconfiar de quem tiver aparelho daquela marca. Seu pai, sua mãe, esposa, esposa, namorado(a), amigos... todo mundo agora é suspeito!!!!! (risos)

Talvez haja um quarto episódio: A Licitação Bourne!