terça-feira, 10 de abril de 2012

Vale a pena

Quando tinha 30 anos tive um "affair" com uma moça de 17. Ainda que eu achasse ela nova demais pra mim (menos pela diferença que pela idade dela em si), ainda que dissesse que ela devesse se relacionar com alguém da idade e geração dela, sempre me contradizia, alegando que alma não tem idade. Deixei-me (confortavelmente) ser convencido.

Não chega a ser surpresa dizer que pouco durou e que me sobraram umas dores ao final do período.

É claro que temos um sem-fim de histórias com outro final, mas acredito que quando a diferença de idade provoca um "choque de gerações" fica inevitável que um dos lados se sinta desconfortável.

E é no desconforto que nos igualamos. Aquele sentimento de peito apertado, sob um desespero leve e mascarado (pânico completo, para alguns), nos coloca todos no mesmo barco. E em seu novo disco, o Chico (Buarque) se confessa tripulação.

Ver tremeluzir o vestido dela através da fogueira, vê-la sumir (ao menos o vulto) entre mil abadás, o coloca em situação passiva perante a juventude da moça. Aliás, o tempo dela que sobra.

Quanto a ele, fica o temor que não dure muito a "novela" (mas ela o faz tão feliz...), de saber que seu tempo está se esvaindo. O argumento da juventude, nessas horas, parece um imperativo categórico.

O que resta? Ir vivendo... O blues, Chico, sempre valerá a pena!



Assistam:
Essa Pequena
Tipo um Baião