domingo, 10 de março de 2013

Marla se foi...


Estava ainda no trabalho quando chegou a notícia de que o Chávez tinha morrido e as redes sociais já tinham sido inundadas por demonstrações de amor e ódio ao caudilho. (caudilho?). Nunca vou entender nenhuma das duas coisas. Acho que já não sou mais tão jovem para sustentar as bandeiras do idealismo, nem de um lado, nem do outro (muito embora nunca estarei tão velho para fugir do debate – qualquer debate).

Em meio ao falatório, homenagens e críticas, lembrei que havia uma pequena enferma em casa (talvez fosse até um tumor, mas sem tratamento em Cuba – aliás, nenhum tratamento, pra ser sincero) e já era hora de voltar para casa, que trabalho é bom, mas ir pra casa também é!

Chegando em casa, abri a porta e fui direto ao aquário, onde há uns bons dias uma certa peixinha andava triste, com as escamas perdendo o brilho e ficando inchada. Quando a vi pela última vez, na hora do almoço, ela não estava nada bem. A Marla, que, brincávamos, era um peixe que se achava cachorro, dado o alvoroço que fazia quando alguém chegava perto do aquário, praticamente querendo brincar, estava amuada, sem ânimo.

Assim que olhei para o aquário, a cena doeu. A peixinha depositada no fundo do aquário. Desbotada, imóvel. Minha filha, que estava no sofá, ainda não tinha se apercebido que a Marla já não vivia. Disse que, quando chegou, ainda a viu, que fez um ímpeto de ânimo, com uma nadadela efusiva e breve. Provavelmente uma despedida.

Um sentimento de imensa tristeza tomou a casa. Desde então, ficamos com um morador a menos. Deixou-se de ter, de uma vez por todas, os animados balés e rodopios dentro do aquário, os saltos para pegar comida, a saudação matinal, dançando ao nos ver.

A Venezuela perdeu seu controverso líder, mas aqui em casa nossas dores foram pela Marla.