sábado, 31 de dezembro de 2011

Esse outro mundo

E se for mesmo real a existência de mundos paralelos? E se, para cada ato que realizamos, houver uma outra escolha e o mundo se desdobrar em outro para aquela opção que deixamos de fazer?

Pensemos assim, cada vez que temos uma escolha pra fazer, o mundo se desdobra em uma realidade alternativa, com as outras escolhas possíveis. Infinitas possibilidades, infinitas realidades. O mundo acontece de outros modos e, porque não?, depois se reencontra (ou cruza, ou não) com este nosso.

Imaginemos, ainda, que em cada realidade paralela nossos “outros eu” vivenciem – obviamente – situações que não foram experimentadas pelo que conhecemos como mundo. Vão a locais onde nunca fomos, passam por situações que em nada tem a ver com nossa rotina, nosso cotidiano.

Por fim, imaginemos que esses outros mundos, como dito acima, se toquem ou se fundam em algum momento. Não será esse um bom motivo para termos sensações de “deja vu”? A certeza de já termos visto uma pessoa com quem nunca encontramos. A impressão de já se ter estado em um local onde se foi. A impressão de já termos vivido coisas que nunca aconteceram em nossas vidas.

A proposta de mundos alternativos / realidades paralelas (ainda que cientificamente improvável) já foi motivo de filmes, romances, contos, revistas em quadrinho. Alan Moore, J J Benitez, Richard Bach e muitos outros já se valeram desse tema para suas (excepcionais) histórias. Enfim, eu gosto da ideia improvável de que isso seja verdade, gosto da ideia de haja realidades acontecendo ao mesmo tempo, que possamos viver tudo ao mesmo tempo agora e que vez ou outra essas realidades se toquem nos trazendo memórias não acontecidas.

Talvez tudo aquilo que queiramos viver aqui e agora, esteja acontecendo em algum desses outros mundos. Talvez aqui esteja acontecendo tudo o que, lá no outro mundo, nosso outro-eu quisesse viver.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Impressões de Paris – parte 03: Paris é tensa

A mais tradicional imagem de Paris é a de cidade romântica. Inúmeras pontes sobre o rio que divide a cidade, passeio de barco, cafés, bistrôs... A cidade é praticamente um cenário para que os casais possam andar de mãos dadas, apreciando a arquitetura (bege!), monumentos, parques e, porque não?, estações de metrô.

O fato é que, se no passado a cidade foi um marco com casais se beijando pelas ruas, em uma época em que isso causava certa transgressão social, se havia demonstrações explícitas de romantismo no ar (sobretudo por ser o berço dos movimentos literários que estimularam as demonstrações dessa natureza), hoje é uma cidade como todas as outras, com pessoas apressadas, indo e vindo do trabalho. E com turistas. Milhares deles.

Sim, a cidade é bela, mas o tão falado romantismo não está, de fato na cidade: está em nos turistas que buscam o romantismo por lá. Sim, o cenário é cinematográfico, mas houve uma construção para que ALI fosse tido como romântico. Há umas centenas de cidades na Europa com características semelhantes, mas a literatura e cinema construíram aquela imagem da Paris e todos nós compramos a ideia sem questionar.

O parisiense é um cidadão inquieto, apressado e barulhento. Como dito, ele precisa ir ao trabalho, precisa pagar contas, pegar filas, enfrentar metrôs, assistir aulas. O dia-a-dia dele é igual ao meu e ao seu. Não existe, para ele, essa suposta aura romântica no ar. Mas existem os milhares de turistas pela cidade (sendo que muitos deles são mal educados ao extremo). O trânsito é caótico e, em que pese sejam os motoristas educadíssimos com os pedestres, nunca se incomodam em “pregar a mão” na buzina do carro. Pouco importa o horário, frise-se.



Enfim, a cidade não é romântica, mas as pessoas são românticas na cidade. Aproveitam que ela ajuda e se deixam fluir naquilo que foi um “constructo” mental, trabalhado na literatura e no cinema, e se entregam a um sentimento que existe nelas e que projetam na cidade. (mas poderia ser Bruxelas, Amsterdã, Oslo, Veneza, etc, etc, etc, etc...)

Paris é linda.