quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A juventude passa

Só nos damos conta muito tarde de que o tempo passa. A juventude se despreocupa com o fato de que o tempo passa, bem como com o tempo que passa. Vivem-se os dias, vivem-se as noites e o tempo voa.

Mas chega um dia que o espelho nos chama a atenção para esse fato. Normalmente quando já é tarde demais. Nessa hora, a juventude já se foi. A juventude tem um brilho que já não está mais na pele. O viço se perdeu. A juventude tem uma alegria inocente no sorriso (né, Pam?), que o tempo apaga e deixa os traços mais duros.

Existe uma satisfação pelas questões e pela busca, pelo descobrimento, pela dúvida, durante a juventude, que o tempo e a experiência transformam em encontro e a certeza. A juventude tem um encantamento pelo mundo que o tempo transforma em rotina e estresse.

Inevitavelmente chega um dia em que se apercebe que a juventude ficou perdida em algum espelho do passado, como disse a Clarice (ou terá sido a Cecília?). Mas descobre-se isso sempre muito tarde.

Será que viver é mesmo isso? Passar pelo tempo sem ver que ele passa por nós? O que sobra ao final? A tal “experiência” que os anos dão, vale o preço que cobra?

Sorte a do Dorian, que deixou as marcas do tempo presas em quadro enquanto desfrutou a plenitude da juventude eterna. Para todos os demais, vale a máxima: “Ah, se a juventude soubesse! Ah, se a velhice pudesse!”