domingo, 22 de fevereiro de 2009

Nunca o vão abandonar

O machismo latino-americano em que somos criados faz com que tenhamos algumas reações padronizadas. Pra começar, homem não acha homem bonito. E pronto! Não existe em nossa condição de heterossexuais latinos um olhar para outro homem que faça com que os olhos brilhem. Isso, jamais!

Pois é, mas existem exceções para todas as regras. Quando o assunto é futebol, tudo muda. Homens barbados, pais de família, heterossexuais incontestes que jamais olharam para um outro homem sem distanciamento e isenção, mudam completamente quando o assunto é futebol e, sobretudo, com relação a alguns jogadores.

Um exemplo recente é o caso entre o Ronaldo e a torcida corinthiana. Mesmo com o jogador em forma de barril, até agora sem ter chutado a bola oficialmente pelo clube, a torcida lambe o jogador com os olhos. Parece escorrer mel da boca dos corinthianos quando falam o nome do jogador. Os olhos brilham.

Todo aquele machismo que JAMAIS deixaria com que houvesse uma aproximação com outro homem, é esquecido com o futebol. Chega a ser curioso ver em botecos explosões de testosterona, como homens gritando amores pelo clube de futebol. Chego mesmo a crer que são um bando de loucos.

Aos berros declaram um amor incondicional ao clube de futebol, dizendo que nunca o vão abandonar porque o amam. Provavelmente as esposas e namoradas nunca tiveram deles uma demonstração de amor que chegue a dez porcento daquilo nem tampouco ouviram que nunca seriam abandonadas porque as amam.

Mas o futebol é isso aí: homens heterossexuais convictos berrando amores por outros 11 homens que correm atrás de uma bola e ficam com os olhos brilhantes quando falam de um outro, que nem atrás da bola corre (já que ele mesmo está uma bola). Enquanto isso, as namoradas e esposas assistem, resignadas, na esperança que sejam tão amadas e admiradas quanto o clube e o gordo.