Alguém especial
Uma bailarina de um certo programa dominical, ao ser interpelada pelo apresentador se estava namorando, disse que estava “em processo seletivo”. Como a moça é muito bonita, no domingo seguinte o apresentador mostrou os mais de três mil e-mails e cartas enviados por candidatos à vaga.
Mais uma vez questionada do porquê de estar só, sendo tão bela, a bailarina disse que preferia estar só a mal acompanhada e que esperava por “alguém especial”. Isso me interessou.
Afinal, o que é “alguém especial”? A brincadeira (será?) do “processo seletivo” e interesse por “candidatos à vaga” pareceu-me algo excessivamente empresarial. O “especial” passa a ter a aparência da necessidade de valores. Não valores subjetivos e que dizem respeito ao caráter, mas sobretudo àqueles que interessam aos bancos.
Ou é isso ou passamos por uma crise moral sem precedentes. Se uma mulher extremamente bela, aparentemente simpática e inteligente não encontra um “cara legal”, o que restará às menos privilegiadas?
Talvez um dos grandes males seja a espera pelo “pacote pronto”. Talvez a moça aguarde o seu “alguém especial” chegando montado em uma Kawasaki branca (cavalo branco já está fora de moda), belo, íntegro, com um sorriso de propaganda de creme dental e cabelos de comercial de shampoo, sarado e tão bem vestido como um James Bond. Aguarda que ele pare a moto, retire o capacete (sim, é claro que alguém especial usa capacete), lhe sorria, comece tocar ao fundo um tema musical (que depois identificaria como sendo a “música deles”). Nas apresentações ele diz “oi, eu sou alguém especial”. E assim vivem felizes para sempre.
Como o País das Maravilhas há tempos já pegou fogo, só resta pedir para as Alices de plantão acordarem e descobrirem que ninguém é especial simplesmente por sê-lo. As pessoas se tornam especiais, mesmo com milhões de defeitos. Assim são os relacionamentos onde o sentimento impera.
Para todos os outros casos existe Mastercard.
Mais uma vez questionada do porquê de estar só, sendo tão bela, a bailarina disse que preferia estar só a mal acompanhada e que esperava por “alguém especial”. Isso me interessou.
Afinal, o que é “alguém especial”? A brincadeira (será?) do “processo seletivo” e interesse por “candidatos à vaga” pareceu-me algo excessivamente empresarial. O “especial” passa a ter a aparência da necessidade de valores. Não valores subjetivos e que dizem respeito ao caráter, mas sobretudo àqueles que interessam aos bancos.
Ou é isso ou passamos por uma crise moral sem precedentes. Se uma mulher extremamente bela, aparentemente simpática e inteligente não encontra um “cara legal”, o que restará às menos privilegiadas?
Talvez um dos grandes males seja a espera pelo “pacote pronto”. Talvez a moça aguarde o seu “alguém especial” chegando montado em uma Kawasaki branca (cavalo branco já está fora de moda), belo, íntegro, com um sorriso de propaganda de creme dental e cabelos de comercial de shampoo, sarado e tão bem vestido como um James Bond. Aguarda que ele pare a moto, retire o capacete (sim, é claro que alguém especial usa capacete), lhe sorria, comece tocar ao fundo um tema musical (que depois identificaria como sendo a “música deles”). Nas apresentações ele diz “oi, eu sou alguém especial”. E assim vivem felizes para sempre.
Como o País das Maravilhas há tempos já pegou fogo, só resta pedir para as Alices de plantão acordarem e descobrirem que ninguém é especial simplesmente por sê-lo. As pessoas se tornam especiais, mesmo com milhões de defeitos. Assim são os relacionamentos onde o sentimento impera.
Para todos os outros casos existe Mastercard.