sexta-feira, 30 de abril de 2010

Los 3 Amigos

No dia em que a Nelissa embarcou para São Paulo, saindo da rodoviária, comprei uma edição de “Love Estórias” e “Los 3 Amigos”. Neste dia eu, o Paulo e o Augusto nos tornamos El Xiston, Paulito e Augusto Villa. Éramos grandes amigos e quase inseparáveis: Los 3 Magrelas (e, depois, Los 3 Amigos).

Havia uma alegria adolescente na personificação das personagens copiadas da revista. A criação de um pacto de amizade selado com cuspe (ao invés de sangue), a eleição de um terreno onde sempre parávamos pra urinar como sendo o “terreno mictório”, um cumprimento particular que persistiu ao longo dos anos. Somou-se a nós o Henrique, ou H-Manu. Sim: nós três éramos quatro.

Àquela época, eu queria fazer faculdade de computação, o Paulo queria ser diplomata, o Henrique era anarquista e pensava em ser político, o Augusto queria pegar as meninas mais bonitas. Não passava muito disso. Havia planos para o futuro. Eu e o Paulo fazíamos poesias. O Henrique tocava violão. O Augusto pegava as meninas mais bonitas.

O tempo passou. Entrei na faculdade de computação, mas abandonei e fiz direito. O Paulo começou fazer direito aqui e se mudou para São Paulo, para fazer direito por lá. O Henrique foi fazer direito no Paraná. O Augusto ficou por aqui mesmo e fez direito (mas continuou pegando as meninas mais bonitas).

O Paulo deixou de lado a ideia da diplomacia, formou-se em direito, mas continuou a fazer poesia e hoje é um autor respeitado no segmento literário em São Paulo, com indicação para melhor livro do ano, inclusive. Eu me formei em direito e fui parar na política, assessorando um Deputado. O Henrique, esqueceu o anarquismo, formou-se em direito e hoje circula pelas ruas da cidade dele em carros importados. O Augusto, que também se formou em direito, há tempos eu não vejo mas dentre o que estiver fazendo, por certo continua pegando as meninas mais bonitas.