quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Hormônios em fúria

O carnaval mexe com os hormônios do povo brasileiro. Se ninguém nunca fez um estudo sobre esse aspecto do carnaval, alguém precisa fazer. Existe, por uns dias, uma abolição ao recato, um afrouxamento dos rigores morais do cotidiano.

Os comportados decotes do cotidiano tornam-se seios à mostra, turbinados à base de silicone, corpos sarados e bronzeados nas férias de dezembro e janeiro, postos à mostra como um merecido troféu conquistado após horas de maca, suturas, drenagens, semanas de sol e meses de academia.

E durante a “ofegante epidemia”, a máxima de que ninguém é de ninguém torna-se a realidade que se inicia na sexta e dura até terça-feira. Os hormônios entram em ebulição e embebeda-se o superego, deixando o momento mais permissivo. Bocas e corpos se misturam. Existe uma urgente necessidade como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Mas não acaba... até a noite de terça, porque na quarta, ficam apenas as cinzas dessa gigante fogueira que aquece nosso povo e faz ferver os hormônios.

Depois do meio dia de quarta, voltam os ternos, tailleurs, os ônibus lotados, a pressa contida pelo trânsito engarrafado. A vida continua e os seios se guardam recatadamente, pudica e virginalmente sob várias camadas de tecido. Tudo o que foi permitido durante a festa torna-se o desejo incontido de permanência para alguns e a ressaca moral de outros.

E assim continua até o próximo fevereiro.

3 Comentários:

Blogger Thalita Araújo disse...

Xisto! Belas considerações... e vc, foi levado por toda essa euforia carnavalesca? heheheh acabei de chegar por aqui... aos meus (futuros) leitores vou sugerir que passem por aqui para uma leitura agradável, colocando seu endereço como link favorito, ok?! Bjão!

15 de fevereiro de 2008 às 14:45  
Anonymous Anônimo disse...

uau.

19 de fevereiro de 2008 às 02:50  
Anonymous Anônimo disse...

Parabens. vc ajudou nos meus argumentos da corda de navio kamelo.
obrigado
luiz claudio alvarenga

ainda aprendi o carrara esculpido que nao sabia

abraços

30 de março de 2009 às 09:01  

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