domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dias de Chuva

A Maria acha que jazz é música para se ouvir em dias de chuva. Por certo, a imagem construída na mente dela é de um trompete soprando melancolicamente, enquanto a chuva bate contra a janela e a mente se esvai por pensamentos saudosos ou tristes, talvez regados com uma xícara de chocolate quente, ou de café ou mesmo alguma bebida.

O tempo escuro pelas nuvens, o dia cinzento, as pessoas presas em casa com a forte chuva, as capas de chuva de cores sóbrias. Que resta na chuva, além de ficar olhando pela janela, vendo a água que cai? O olhar perdido no tempo e no espaço acaba levando a mente a meditar sobre situações passadas, decisões que precisam ser tomadas. Um relâmpago clareia o céu, quase dá pra imaginar um rosto próximo da janela sendo iluminado pelo “flash”, e logo em seguida vem o estrondo do trovão. E tudo volta a ser apenas a água que cai. A trilha sonora para momento pede tons menores. Aí entra o trompete soprando isolado e sem alegria.

Essa atmosfera de tristeza foi muito explorada pelo cinema. Chuva, melancolia, bebidas, cigarros, um trompete (ou um piano) triste, solidão. Separações, notícias tristes, funerais, nada disso teria o mesmo apelo visual sem a chuva, sem uma trilha sonora em tons menores (e o jazz serviu muito para este fim), sem um copo (ou uma garrafa) de algo forte e quente.

Enfim, acho que a Maria tem mesmo a razão.

5 Comentários:

Blogger Cyn Rodrigues disse...

Eu concordo com a Maria! rs =)

16 de março de 2010 às 07:05  
Blogger Unknown disse...

Sim, eu realmente tenho razão!
hehehe

16 de março de 2010 às 17:13  
Blogger Candy Art disse...

Eu não concordo tanto, pois ouvimos jazz indo pra casa, as 19h, no corredor norte-sul de SP (trajédia) e, apesar da trilha sonora não combinar, é o que salva nosso humor quando cansamos de ouvir baboseira no rádio ou excesso de barulho nas pop rádios :O)

26 de março de 2010 às 09:37  
Blogger Unknown disse...

Olá querido Xis, receio que comentar sobre algo que escreva seja um tanto inseguro, pois vc brinca com as palavras e isso é grandioso, mas no momento, prefiro comentar minha impressão sobre vc, mesmo que não seja esse o ponto(rsrsrs). És um homem de grande valor e de um intelecto apurado, algo incomum para a grande maioria das pessoas. Sinto-me privilegiada por ter tido a oportunidade de conhecê-lo, mas isso não é importante não é mesmo, porém são esses momentos comuns e inusitados que fazem com que se perceba quão valiosos podemos, ou não, ser. Mas você Senhor Xis, surpreendeu, aliás, isso sim é importante, isso porque no caminho de casa eu ouvia você discorrer naturalmente sobre tantos assuntos, aos quais a maioria não compreende, mas vc sim, vc é PUNK, homem sapientíssimo e de bons argumentos. Foi um grande prazer estar lá e rir, entre dentes, da minha própria ignorância, mas compreender com isso que o muito que eu achava saber é pouco diante da imensidão universal e humana. Vc é o culpado senhor Xis, culpado e inocente, porém me deixou bastante contente, pelo simples fato de poder te encontrar. Mary Duarte

22 de abril de 2011 às 23:41  
Blogger Unknown disse...

Olá querido Xis, eu bem lhe disse que comentar sobre seus textos pode ser um tanto arriscado, mas este "Dias de Chuva", me parece um tanto reconfortante, pois a maneira como elenca dados e explora elementos sinestésicos para justificar as referências culturais inseridas na mente da sua personagem, o uso dos sons, dos cheiros, dos sabores, sensações humanas que podem remeter a diversas lembranças, umas inseridas pelo meio, outras pelas experiências vividas e enfim pela própria mídia, e isso não acontece só em um caso específico, pode estar inerente a muitas situações vividas, mas vc retratou situações que remetam ao jazz e claro, as imagens usadas por vc e pela sua personagem realmente traduzem o que a grande maioria conhecedora do estilo acredita, claro sempre há exceções, mas foi, ao meu ver, convincente, também acredito que sua personagem e vc tenham razão sobre a combinação chuva, uma bebida forte, jazz e melancolia. Grande beijo...de sua amiga Mary Duarte

23 de abril de 2011 às 08:41  

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