domingo, 27 de fevereiro de 2011

Embaixo d’água



Depois do salto de que falei no último texto, precisei dividir com os amigos a euforia e a adrenalina do momento e fiz várias sessões de exposição de fotos e do vídeo. Uma delas foi em um happy hour, com o Luiz e com o Júlio, onde surgiu a ideia de irmos saltar juntos. Mas não fomos.

O que houve, na hora, foi o convite feito pelo Luiz para fôssemos para Bonito, Mato Grosso do Sul, para fazermos rapel na caverna e mergulho na lagoa. Aprovadíssima a ideia, passamos à solução dos problemas logísticos. Resolvemos o problema do deslocamento quando o Júlio colocou o Ostrogodo à disposição para a viagem. A estadia foi resolvida com um telefonema para um amigo, que nos colocou o hotel dele à disposição. Data marcada, problemas resolvidos, só restou superar a ansiedade e esperar a data da partida.

Chegada a data, entramos no Ostrogodo em uma sexta-feira à noite e fomos embora pra Campo Grande, onde o quarto membro da equipe, Rodrigo, se juntou a nós e rumamos pra Bonito.

O nome da cidade já diz tudo sobre ela. Nem vou tentar descrever o que são as belezas naturais de lá. Cada um que vá descobrir por si.

Mas, o que importa, de fato, foi o mergulho.

Foi uma experiência completamente nova. Cair do céu é adrenalina, é emoção forte, vento no rosto. Mergulho é outra coisa. A ida até a lagoa, em estrada ladeada de árvores, promoveu desde o início uma comunhão com a natureza. Caminhamos até a margem da lagoa, pulamos na água, vestimos o neoprene, instruções básicas de como respirar com o equipamento, alguns testes, muitas fotos. Pronto, fomos pra baixo d’água.

Mergulhar é sair do planeta Terra, é ir para um mundo diferente, com gravidade diferenciada, sem os sons que estamos habituados e com uma fauna exótica e exuberante. É o sentimento de descobrir coisas que sempre soubemos que existiam, mas nunca pudemos vivenciar. Nesse universo diferente, os movimentos são mais lentos, mais redondos e, paradoxalmente, apesar de terem mais peso, são leves.

Além de ser necessário reaprender a se movimentar, é preciso reaprender a respirar. O equipamento, a primeira vista, parece ser algo complexo, acostumados a respiração nasal, parece ser muito difícil acostumar respirar apenas pela boca. Toda a complexidade é apenas aparência. Assim que se mergulha, tem-se a completa certeza que se nasceu para aquilo. Respiramos o ar que vem do tubo e depois expiramos. Sempre pela boca. O resultado são bolhas, bolhas, bolhas. Como não é possível a fala, é necessária a utilização de outros códigos. Os sinais falam. Polegar pra baixo, descer. Para cima, subir. E por aí vai.

Talvez tenhamos ficado submersos por uns 20 ou 30 minutos. Pouco tempo, talvez, sobretudo quando estamos gostando da brincadeira. Mas valeu cada instante. Emergimos de alma lavada.

O rapel não deu certo. Mas não fez falta.

Voltando de Bonito, planejamos uma ida pra Fernando de Noronha. Ainda não foi possível. Mas o plano B era Florianópolis. Sobre isso eu conto depois.

3 Comentários:

Blogger Marinês Parra Turcato disse...

Fantástico!!!

27 de fevereiro de 2011 às 17:04  
Blogger Luiz Sérgio disse...

Um mês depois estou lendo seu post!
Bacaníssimo!
E precisamos partir apra a segunda expedição logo!

26 de março de 2011 às 07:35  
Anonymous Julio Mangini disse...

Agradeço enormemente por sua breve, sutil e precisa lembrança daquele feriado de novembro de 2010... Fiquei muito feliz ao ler suas declarações a respeito da bela Bonito, ao ponto de me sentir o próprio autor de tal texto! Aliás, assino embaixo tudo o que você escreve, perfeito! Falta a nós arquitetarmos a próxima expedição... Saudações Rubro Negras!!!

5 de abril de 2011 às 20:19  

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