sábado, 30 de julho de 2011

Impressões de Paris – parte 01: Paris é bege




A expressão não é minha, mas só tomei ciência disso depois que o Paulo me disse que o Mário Rui já a tinha dito antes. De qualquer forma, a primeira impressão que se tem de Paris, depois que se chega nela e se começa aperceber da arquitetura napoleônica, é que a cidade não tem cor. Aliás, tem cor. É bege.

Tudo é praticamente como era no século XIX. Salva dos bombardeios na segunda guerra mundial, a cidade se manteve como era: bela, conservada e bege. Tudo bem, estou sendo injusto... Paris não é apenas bege, também tem uns tons de cinza.



Por todos os lugares a cidade se repete. As construções mantêm o mesmo padrão, as mesmas cores. Muros e paredes sem tinta, tijolos aparentes, belas sacadas, janelões. Existe um “quê” de histórico no ar. Tudo remete ao passado. Placas nas casas informando que ali viveu ou morou ou dormiu ou morreu ou bebeu ou foi ao banheiro ou seja lá o que tenha feito, fulano ou cicrano ou beltrano. A gente quase se sente remetido ao tempo deles.

Para quem assistiu o recente “Meia Noite em Paris”, é quase como se se fizesse a viagem a que o filme se propõe. Você vai ao mesmo bar onde Hemingway bebia, passa pelas ruas onde Voltaire passava, anda pela praça onde foi guilhotinada meia Paris durante os anos da Revolução, vai até a cela da Maria Antonieta e vê a recomposição do ambiente. É você dentro da história.

Uma história que seria em preto e branco (aliás, em bege e cinza), se não fossem as pessoas. Como a cidade não tem tinta na parede e padece do quase monocromatismo, as pessoas se colorem. Homens e mulheres sempre bem vestidos. Aliás, como a Dani sempre diz, parecem que acabaram de sair de um catálogo de moda. Cores, muitas cores...

Uma cidade de poucas cores, com gente colorida e que exala o cheiro da história em cada esquina.

Paris é linda.

1 Comentários:

Anonymous Desirée disse...

Ao ler o seu texto, muito instigante por sinal, não posso deixar de falar sobre o que se esconde em meio ao bege de Paris.

A "Cidade da Luz" , como é chamada Paris desde o Séc. XVII, conhecida na época como o centro cultural da Europa, palco do Iluminismo, de onde fez surgir o título, não pode ser vista apenas por lentes "beges".
Costuma-se dizer que Paris tem que ser vista duplamente: de dia em plena luz do sol, ou mesmo pelos dias sombrios do inverno, e de noite onde as luzes servem de holofotes para os melhores momentos da história francesa, contada em cada detalhe da arquitetura de suas paredes, esculturas e monumentos.

Napoleão, que descansa seu corpo na cúpula dourada, ao centro do Hotel Nacional dos Inválidos, construído por Luis XIV, ainda mostra sua soberania mesmo após a sua morte. De dia, quando o sol faz brilhar a cúpula dourada que encobre o seu leito e a noite, resplandece no céu, pelos focus de luz da cidade iluminada, a sua Paris. Este um dos pontos turísticos mais visitados.

Paris, entre o gótico e o clássico, em meio a ferragens que dão vida a Torre Eifel, ou no colorido letreiro do Moulin Rouge, faz desacreditar o "bege" que se impõe nos monumentos. E se não fosse só pela modernidade dos letreiros, passeando pelas salas do museu do Louvre, as paredes são cúmplices de obras de artes que brincam com a riqueza das cores das pinceladas de artistas como Monet, Renoir que se inspiraram na beleza do cenário do cotidiano parisiense.

Ah! Que grandioso é poder enxergar Paris em cinza e bege, e também num segundo momento, talvez na próxima esquina se deparar ocasionalmente, ao elevar os olhos, com o colorido dos vitrais da Catedral de Notre-Dame. E por que não, ao pôr do sol, as margens do Rio Sena, num piscar de olhos ver Paris em flashes de luz.
Au Revoir!

1 de novembro de 2011 às 17:48  

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